A minha avó chama-se Clementina Ferreira de Sousa Relvas, mas eu chamo-a simplesmente vóvó, por razões óbvias. É claro que também a podia chamar só avó ou Clementina, mas acho que o nome vóvó é mais adequado para ela.
A minha avó é uma pessoa muito activa que não consegue parar quieta. Todas as manhãs se levanta muito cedo (por volta das seis da manhã) e, depois de passar muito tempo a rezar, começa a mexer-se logo. Realmente há muito que fazer numa casa como aquela onde a minha vóvó mora. Tem de se preparar o almoço e o jantar, tratar da roupa e satisfazer os muitos pedidos da sua netinha Cristina (eu).
Quando era mais pequena era a minha vóvó que ficava comigo, porque a minha mami trabalhava muito e nem sempre tinha tempo para mim. Fazíamos muitas passeatas e divertíamo-nos muito. Sendo a vóvó uma pessoa muito activa, alinhava sempre nas minhas brincadeiras maluquinhas. Gostava muito de ir a um parque (o parque dos índios, em Monsanto) e então lá ia a minha vóvó comigo a puxar o meu carrinho (quando ainda era um bebé). Tenho de confessar que não era dos bebés mais magrinhos, pois o meu pai (Joaquim Relvas) dava-me valentes biberões de fruta com muitas vitaminas e cálcio e eu, sendo uma menina gulosa como sou (ainda hoje), comia o produto todo e chorava por mais.
Nestes passeios a minha avó sempre foi muito divertida e nunca parava de me fazer sorrir. Claro que nós não só íamos passear a este tal parque, também íamos a outros sítios: por exemplo, ao Jardim do Beau Séjour, que ficava mesmo ao lado da casa que a minha vóvó então habitava, e aí comíamos os grandes lanches que levávamos numa cestinha de verga, enfeitada com uma toalha bordada. Nunca nos esquecíamos de dividir o pão com os cisnes, patinhos e pombos que animavam o lago e também com os peixinhos vermelhos que se saracoteavam na pequena gruta, revestida de avencas. Eu gostava muito da natureza. Então, uma vez, convenci a minha vóvó a ir comigo numa “expedição aventureira”. Nós levávamos um piquenique e mais algumas coisas, como por exemplo um bloco notas, uma esferográfica, uma lupa, um livro sobre a natureza e os seus animais etc. O nosso destino era fazer uma caminhada sobre a serra de Monsanto, a pé, e contemplar a paisagem e os animais. A nossa caminhada foi um sucesso! As horas decorridas pareceram-nos só escassos minutos. Pois, porque no mundo que eu tinha com a minha avó o tempo passava sempre demasiado depressa.
Agora que já estou mais crescida (14 anos) já não faço mais coisas desse género com a minha vóvó. Mas, para compensar, vamos as duas juntas a museus, ao cinema, ao teatro etc., enfim a sítios que, quando eu era pequenina, não me interessavam assim tanto (para falar verdade, achava muito mais divertido estar com a minha vóvó num mundo imaginário, nas nossas tão criativas brincadeiras, do que ir a sítios desses). Mas agora, mais amadurecida, já gosto de fazer companhia á minha avó nessas actividades. Com a idade mudam os gostos.
Sendo os meus pais divorciados, e vivendo eu, neste momento, no Algarve, longe da minha vóvó (que mora em Lisboa), não posso passar tanto tempo com ela de como costumava passar até aos meus nove anos. Agora venho visitar a minha avó a Lisboa quando tenho férias. E ela às vezes também me vem fazer uma visita-surpresa em conjunto com o meu vovô (Emílio Miranda Relvas). Quando a minha vóvó me vem visitar, então é a minha vez de lhe mostrar as coisas boas do Algarve (que são muitas). Assim ela também tem oportunidade de escapar ao seu dia-a-dia e estar com a sua neta.
Claro que eu poderia escrever muito mais sobre a minha vóvó, mas acho que vocês já podem imaginar mais ou menos como ela é. Resumindo e concluindo ela é uma pessoa amável, carinhosa, que se preocupa com os outros, gentil, teimosinha (mas só de vez em quando) e acima de tudo é a minha VÓVÓ!
Com muito carinho para a melhor vóvó do mundo!
Da sua netinha,
Cristina Kohlhoff Feijó Relvas
23 de Julho de 2009