Aos insensatos que dizem:
«Não há Deus»
e assim se pensam livres
para satisfazer
sua vontade,
Deus, lá do Céu,
olha-os com compaixão
por não saberem, sequer,
em que consiste a liberdade.
Não em amontoarem
mil tesouros,
oprimindo os pequenos.
Não, deixando sem freio,
sem controle,
todos os seus apetites terrenos.
Não, ignorando o outro
e as suas dores,
a sua míngua e a sua solidão,
não, desprezando a vida,
que não criam do nada,
impotentes que são.
Pois só Deus pode tudo
e tudo d’Ele depende;
e o homem, como a erva,
breve nasce e fenece.
Como um sopro se esvai
e a sua liberdade,
sem o selo de Deus,
sem fruto e sem proveito,
cedo desaparece.
Clementina Relvas