Meus queridos netos:
Eis-me aqui a cumprir o prometido: relatar a parte profana da nossa excursão à Terra Santa e Jordânia:
A viagem de avião foi muito cansativa, não só por causa das formalidades de embarque e desembarque destinadas a garantir, tanto quanto possível, a segurança dos passageiros, mas também porque fizemos um transbordo
Ficámos instalados no Marina Hotel e foi-nos atribuída uma confortável «suite» que, da casa de banho onde nem sequer faltava uma banheira de hidromassagem, nos proporcionava uma ampla vista sobre a Marina que lhe deu o nome. Pena foi não podermos desfrutar de todas as suas mordomias, já que tivemos de o abandonar para seguirmos viagem, às 7h da manhã, depois dum pequeno almoço «buffet» muito completo e requintado.
Após um passeio panorâmico para ficarmos com uma ideia de Telaviv, cidade muito moderna e progressiva, com especial relevo para a longa avenida marginal com magníficas praias atlânticas, entrámos, sem dar por isso, na cidade de Jaffa, núcleo muito antigo que se integrou na moderna metrópole, daí resultando a circunscrição de Telaviv e Jaffa. Nesta cidade, também ela debruçada sobre o Atlântico, visitámos a Igreja de S. Pedro , as magníficas vistas sobre o mar, e o seu porto marítimo que outrora foi de grande importância.
A pouca distância de Jaffa fica Cesareia Marítima, uma cidade fundada por Herodes, o Grande, vinte anos A. C. Não admira, por isso, que aí se encontrem numerosos e importantes vestígios romanos: um hipódromo demasiado modernizado, as ruínas dum anfiteatro, onde já cantou Dulce Pontes, um imponente aqueduto que, com a água duma fonte situada a l0 kms de distância, abastecia Cesareia e o primeiro porto de mar artificial, a mar aberto, onde podiam ancorar l00 navios. Foi deste porto que S. Paulo partiu para Roma, onde viria a ser julgado.
Passámos pelo Monte Carmelo para aí visitarmos a Igreja carmelita Stella Maris, (centro mundial da Ordem) e construída sobre uma gruta onde parece terem vivido os profetas Elias e Eliseu. Do Miradouro do Monte Carmelo tem-se uma fantástica vista sobre Haifa, cidade que visitámos em seguida e onde fomos almoçar, no bairro alemão. O que mais impressiona nesta cidade é o majestoso Templo Bahai, construído no cimo duma colina toda ajardinada e ao qual conduz um escadório de l9 degraus.
Seguimos para Nazaré, de que já falei na carta anterior, passámos por Caná da Galileia, cuja igreja visitámos, assistimos à chegada dum cortejo nupcial e bebi um pequeno cálice de vinho licoroso, conhecido por «Wedding Wine», ou seja, o vinho das bodas. A nossa última visita deste dia foi ao Monte Tabor, à Igreja da Transfiguração. Para subirmos até ao cume do Monte, tivemos de abandonar o autocarro e fazer-nos transportar, ao longo de estradas estreitas e sinuosas, por táxis de oito pessoas.
No fim deste dia extenuante e cheio de emoções, fomos dormir ao Lavi Hotel, pertencente a um «kibutz» religioso, que visitámos (inclusivamente a sinagoga) enquanto muito aprendemos sobre a organização dos «Kibutzim», deste em particular.
No dia seguinte fomo-nos aproximando do Monte das Bem-Aventuranças e do Lago Tiberíades, onde fizemos e belo passeio de barco, como vos contei na carta anterior. Além das visitas a Igrejas, de que já falei, comemos, ao almoço o «peixe de S. Pedro», tradicionalmente frito com as respectivas escamas e barbatanas e depois fomos à cidade de Tiberíades visitar uma das seiscentas unidades de lapidação de diamantes existentes em Israel.
No dia seguinte, de manhã cedo como sempre, partimos para a Jordânia, assunto que terá de ser objecto doutra carta que aqui fica prometida.
Beijinhos dos Vóvós.
O rio Jordão