Nunca pensei que os "olhos do meu coração, no dizer de S. Paulo, revelassem pormenores por mim julgados completamente esquecidos...
Sexta-feira, 29.05.09

Nós somos peregrinos de S. Paulo,
os seus passos seguimos com fervor.
S. Paulo nos anime e nos ajude
a alcançarmos as graças do Senhor.

S. Paulo recebeu o Evangelho
directamente de Cristo Jesus;
pregou a morte do Crucificado
e, do Resuscitado, Sua luz.

Que, com S. Paulo, alcancemos a meta,
seguindo o bom caminho que ele trilhou
e que, trazendo Cristo em nossas almas,
amemos os irmãos como ele amou.

Clementina Relvas
(No navio, entre Malta e Nápoles, a
27 de Abril de 2009)

 

 

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Quarta-feira, 27.05.09

 

 

Meus queridos netos:

 

Vindos de Taormina, seguimos a nossa viagem para Palermo e, depois duma sumaríssima panorâmica da cidade, embarcámos no ferry, aliás um grande navio, o RAFFAELE RUBATTINO, que nos levaria a Nápoles e onde nos esperavam camarotes individuais, com vista para o exterior, duas camas confortáveis e casa de banho privativa. O acesso aos camarotes não foi fácil, pois tivemos de subir, com as malas, dois grandes lanços de escadas rolantes. Mas, depois de nos instalarmos e após uma rápida visita de reconhecimento, foi-nos servido, no magnífico salão de jantar, uma boa refeição com várias escolhas e comida saborosa.

 

Além dos camarotes havia outro amplo salão com cómodas poltronas, destinadas aos passageiros que, não tendo adquirido alojamento, ali teriam de passar a noite. E muitas hipóteses de diversão: uma sala de jogos, cinema, numerosas televisões de plasma dispersas por toda a parte e várias lojas para os apreciadores de compras. Nós ainda demos uma espreitadela para o deck, mas estava tudo às escuras e, assim, recolhemos ao camarote para uma noite de repouso, que o dia seguinte, como os anteriores, também se anunciava exaustivo.

 

Após um frugal pequeno-almoço (um croissant e um capuccino), desembarcámos, no dia seguinte pela manhã, no continente italiano, mais propriamente no porto de Nápoles, cidade que atravessámos sem podermos seguir as infindáveis indicações do guia: um habitante por m2, só suplantado por Curitiba, no Brasil; 150 igrejas, muitas universidades, entre elas uma portuguesa e outra brasileira, o famoso Teatro da Ópera, o mais antigo do mundo, o bairro de Santa Luzia, onde se originou a célebre canção desse nome, a única italiana composta por um francês e que o nosso motorista cantou com uma bela voz de tenor e todo o seu fervor napolitano; falou-nos duma portuguesa ilustre, Leonor da Fonseca Pimentel, que foi ministra da efémera República italiana, fundou várias instituições e até o 1º jornal político italiano. Ficou conhecida pela Portuguesa de Nápoles e, além da sua acção como bióloga e pedagoga, lutou pelos ideais da malograda República Napolitana e acabou enforcada por crimes contra o Estado. O guia debitava o seu discurso, misturando igrejas e cancro dos pinheiros e detendo-se um pouco mais no estádio de futebol de Nápoles, dedicado a S. Paulo, pois há uma lenda que diz ter havido ali uma Igreja dedicada a este santo e que teria sido destruída para construir este grande estádio, com lotação para 81.000 pessoas.

 

Referindo-me ainda a Leonor da Fonseca Pimentel, sobre a sua vida foi escrito um romance, de grande sucesso em toda a Itália, adaptado ao cinema pela realizadora italiana Antonietta de Lillo com a actriz portuguesa Maria de Medeiros na protagonista e que, em 1999, o seu bicentenário foi devidamente comemorado em Portugal através de eventos levados a cabo pelas Universidades Nova de Lisboa e de Évora.

 

E deixemos Nápoles com o desejo de voltar, apesar das suas ruas sujas, casas degradadas e muitos grafitti. Vamos a caminho de Puzzuoli, porto pesqueiro mas também industrial (exportação de produtos alimentares, sobretudo conservas) e que foi o primeiro porto de Itália e aqui desembarcou S. Paulo.

 

Junto deste porto, ergueram uma pequena igreja comemorativa, como se pode ler numa lápide na parede, onde também há outra comemorativa da visita do Papa João Paulo II. Aqui perto, no bairro Terra, nasceu a conhecida actriz de cinema, Sofia Loren e também foi neste porto que decorreram as filmagens do notável filme “O Carteiro de Pablo Neruda”. De Puzzuoli, parte, para Roma, a Via Domiciana por onde seguia o peixe fresco, a lombo de burro ou de cavalo.

 

Nesta região há 71 vulcões, entre os quais um que se encontra um dentro doutro e com a vegetação invertida, devido ao abaixamento do terreno. Pela estrada por onde vamos agora, tem-se uma vista panorâmica sobre a península de Sorrento e avista-se, ao longe, a Ilha de Ischia. É uma região muito fértil e bonita e por aqui andou, durante quatro anos, entre Capri e Nápoles, o pintor português Henrique Pousão, que tem quadros no Museu de Arte Moderna, de Nápoles.

 

O vulcão Vesúvio, que agora vemos nitidamente do bairro de Margelino, tem 1276 ms. de altura e dele se separou outro, mais pequeno. A erupção mais violenta ocorreu em 79 d.C. e soterrou Pompeia, mas, em l631, deu-se uma outra grande erupção, que matou mais de 4.000 pessoas. A última ocorreu em 1944.

 

Parámos na «varanda de Nápoles» para admirar a baía, passámos por um palácio do rei Humberto I, que foi casado com a princesa Margarida, que deu o nome a essa famosa pizza napolitana.

 

E eis que entra no porto de Nápoles o navio Fantasia, enorme, mais parecendo um prédio de oito ou nove andares flutuante!

 

Desculpem, meninos, esta carta tão caótica, mas a culpa foi do guia que misturava tudo e falava sem cessar.

 

Beijinhos dos Vóvós e até… Atenção! Pompeia, na próxima carta!

                              Raffaelle Rubattino

                                                 Nápoles à vista!


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Quarta-feira, 20.05.09

 Meus queridos netos:


Hoje o toque de alvorada foi às 6 horas da manhã, pois o percurso de autocarro até Taormina é muito longo. É pena que, correndo a auto-estrada sempre à beira do Mar Tirreno, raramente se possa desfrutar a paisagem costeira, porque, tratando-se duma região montanhosa, são inúmeros os túneis, alguns muito longos, que tivemos de passar. Para amenizar a viagem e após a habitual recitação de alguns salmos e orações, entoámos algumas canções, entre elas a reprodução dos ruídos duma caravana, no deserto:


Gale, gale, galezum
Gale, gale, galezum,
Gale, gale, galezuum –gal, a que se seguiam chs, brres


e, a terminar, uns doloridos AI, Ai, Ai… melopeia que terminava quando se alcançava o fim do túnel. Aqui é de justiça dizer que a animação se deveu ao nosso dinâmico prior, sempre afável e bem-disposto. Ao sair dum dos túneis, lá no alto, avistámos o Mosteiro de Nossa Senhora de Tindari , situado no promontório de mesmo nome, a 270m de altitude e passámos ao largo das Ilhas Eólias (Lipari, Salina, Vulcano, Pananea, Stromboli, Filicud e Alicud).


E assim chegámos a Taormina, nos flancos do Monte Taurus, a 200m. de altitude. O monte tem três picos, um maior, central e dois laterais e, lá no alto, a Igreja de Nossa Senhora da Rocha e um castelo árabe. Como o autocarro teve de estacionar longe da cidade, fomos transportados em táxis ou carrinhas até a uma das portas da cidade. Taormina é um lugar de sonho, tranquilo, com numerosos terraços sobre o mar, o que nos proporcionou muitas vistas deslumbrantes. É uma cidade elegante e monumental, dotada dum glorioso passado, paraíso dos turistas e dos VIP a que o seu clima ameno e as belezas naturais atraem durante todo o ano.


A cidade tem duas portas: a porta Messina, perto da qual ainda restam numerosos vestígios dum cemitério romano e a porta Catânia, por onde se entra no centro histórico. Até ao séc. XVIII, as duas portas eram fechadas todos os dias,


As ruas de Taormina, mesmo a rua principal, a via Umberto, que vai dar à Torre do Relógio , são estreitas mas muito bem cuidadas e floridas e por aqui passaram todos os numerosos invasores, entre os quais se distinguiram os gregos e os romanos. Foi durante a dominação romana que a cidade atingiu o máximo esplendor, mas, com a queda do Império, Taormina foi conquistada pelos bizantinos que aí se mantiveram durante três séculos, até à chegada dos sarracenos, em 820 D.C. Estes saquearam e destruíram toda a cidade, mas depois esmeraram-se a reconstruí-la. Foi ainda dominada pelos normandos, pelos castelhanos (Carlos V), pelos ingleses e outros, até que, em 1860, foi libertada por Garibaldi. Esta atracção geral por Taormina resultava não só das suas muitas belezas naturais mas principalmente da posição privilegiada, que a tornava praticamente invulnerável.


Desse passado tão rico, destacam-se as ruínas do pequeno teatro do Odeon e, sobretudo, as ruínas teatro Greco-Romano, construído pelos gregos no auge do seu esplendor e completamente modificado pelos romanos, que o adaptaram aos seus jogos circenses, acrescentando-lhe galerias na parte superior, comunicando entre elas por dez portas. Transformaram a orquestra em anfiteatro, eliminaram o cenário e substituíram-no por um palco com dois pisos e numerosas colunas de mármore, muitas das quais os taorminenses utilizaram na construção da sua Igreja Matriz.


Apesar de todos estes incidentes, as imponentes ruínas deste teatro, cuja cena tem por fundo o Etna em toda a sua majestade, são, ainda hoje, admiráveis e comoventes. Subindo-se a grandiosa e bem conservada escadaria pode percorrer-se toda a parte superior, donde se alcança uma panorâmica de 360º, não só sobre a cidade e belíssimas baías dos arredores de Taormina, como também sobre o Etna, o maior vulcão activo da Europa, que, disse-nos o nosso guia, por vezes, quando tem erupções de grande altura, proporciona um cenário indescritível por trás do palco, onde se exibem espectáculos teatrais, de ópera, de bailado, etc.


Depois de termos visitado esta maravilha, ouvimos missa na Igreja de Santa Catarina de Alexandria, celebrada pelo nosso Pároco de Benfica, que me trouxe à memória a Basílica de Santa Catarina, em Jerusalém, cujos lustres tinham a forma de rodas, em alusão ao martírio daquela Virgem.


Também estivemos na Praça IX de Abril, cuja Torre do Relógio, a que já fiz referência, foi construída como fortaleza pelos primeiros habitantes de Taormina com blocos de pedra, cúbicos, sobre cimentos ciclópicos e que tem enorme valor arqueológico.


Ao deixarmos Taormina para retomar o nosso autocarro, o nosso último olhar perdeu-se no imponente Hotel Excelsior, debruçado sobre aquela paisagem de sonho. E que sonho bom seria passar ali uma semana de férias! Mas, como não se pode ter tudo, demos graças a Deus por podermos ter conhecido esta jóia siciliana e partimos em direcção a Palermo, capital da Sicília, para tomarmos o navio que nos há-de transportar ao continente italiano, mais propriamente a Nápoles.


Beijinhos dos Vóvós peregrinos e turistas! Brevemente cá estarei com novos relatos da nossa inesquecível viagem.

 

 

               O Autocarro no qual fizemos o circuito da Sicília

             Taormina - Torre do Relógio - Entrada na cidade

                     Taormina - Teatro Greco-Romano

          Taormina - Igreja de Santa Catarina de Alexandria

       Em direcção a Palermo - Paragem numa zona de serviço

 

 

 


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Quinta-feira, 14.05.09

 

Meus queridos netos:


Neste dia 25 de Abril, levantámo-nos às duas da manhã e, depois de um ligeiríssimo pequeno-almoço preparado para aquela hora pelo Hotel Dolmen, onde pernoitámos três noites, dirigimo-nos para o porto de La Valleta, onde embarcámos, às cinco horas, num catamaran (muito cómodo e com várias televisões de plasma, que passaram dois filmes para turistas (ensonados como eu), em direcção à Sicília, (Itália).


A Sicília é a maior ilha do Mediterrâneo (25.738 kms quadrados) e a sua forma triangular valeu-lhe o nome de Trinacria que, em grego, significa terra com três promontórios. Tem, portanto uma forma triangular, representada no seu símbolo, a Trinácria, que é composto por três pernas, tendo, ao centro, o rosto duma deusa e que se encontra por toda a parte, nas mais variadas versões, destinadas aos turistas. Mal desembarcámos, fomos deixar as nossas malas no Hotel Bellini, que nos tinha sido reservado em Catânia, mas partimos logo para Siracusa.


Esta cidade (Siracusa) constituiu, com Naxos, os dois primeiros núcleos gregos no Ocidente. Era uma das cinco cidades da Pentápolis e levava esse nome. Tinha, à época, 130.000 habitantes o que justifica a sua importante tradição cultural e religiosa.


Foi aqui que S. Paulo ficou três dias, no seu caminho para Roma e aqui fundou uma comunidade cristã. Também aqui viveu e foi martirizada Santa Luzia.


Mal entrámos na cidade, fomos surpreendidos por uma imponente Basílica, o santuário de Madonna delle Lacrime, construção moderna, em forma de cone facetado e assente numa estrutura redonda. A Basílica é enorme, e o cone atinge uma altura impressionante. É dedicada à Senhora que, de 29 de Agosto a 1 de Setembro de 1953, verteu as lágrimas representadas na imagem que comprei. No verso, tem uma em comovedora oração com que o Papa João Paulo II concluiu a Homilia para a Dedicação do Santuário da Madonna delle Lacrime, em 6 de Novembro de 1994.


Foi pena o tempo não ter chegado para visitar os muitos e importantes vestígios arqueológicos que ainda hoje se encontram nesta bela e artística cidade: as ruínas do Templo de Apolo, o anfiteatro romano, o majestoso teatro grego e muitas outras maravilhas.


Centrámo-nos no que nos levava a Siracusa: a catedral de S. João, a sua gruta e as catacumbas. A catedral, erguida pelos bizantinos no séc. IV, foi em parte reconstruída depois dum grande terramoto que ocorreu no séc.XVII.. Tem uma bela fachada barroca, mas não tem tecto, pelo que só funciona no Verão. A nossa Missa foi celebrada na gruta de S. João Evangelista, de pé ou sentados nos degraus de acesso. Em seguida visitámos uma pequena parte das catacumbas, e admirámos o túmulo duma nobre senhora romana, que figura numa placa de que tirámos fotografia e cujo original está num dos museus da cidade.


Depois fomos almoçar a um restaurante que ficava muito longe do autocarro e onde esperámos duas horas que nos servissem. Tal foi a estafa, que o regresso foi feito em carrinhas. E o almoço também não compensou: macarrão com mexilhões, dourada com salada e, no fim, uma granizada de não sei quê: era doce e vermelha, talvez de melancia.


Com tudo isto, chegou a hora de regressar a Catânia. De tarde, visitámos a cidade barroca, dotada duma bela panorâmica que se estende até ao Etna, onde estava previsto subirmos até aos 2000 m, o que se tornou impossível pois estava coberto de neve até ao meio. Fizemos uma breve visita à cidade, com particular atenção à Catedral, datada de l092, mas destruída pelo sismo de 1169 e reconstruída entre 1693 e 1758, por dois grandes mestres do barroco. Tem, no entanto, um pórtico em mármore em estilo renascentista e está adornada por numerosas e belas estátuas de mármore. Fica situada na Piazza del Duomo, onde também se encontra a Abadia de santa Ágata, o palácio do Município e a Fonte do Elefante, de Vaccarini, que colocou um obelisco egípcio por cima dum antigo elefante em pedra lávica sobre um monumento em mármore branco, provavelmente do período romano. Esta estátua tornou-se o emblema da cidade com o nome de «Liotru».


Depois desta visita, dirigimo-nos ao nosso Hotel, o Hotel NH Bellini, com numerosas “amenities”da marca “tierra”. Jantámos a comida do costume: pasta, salada, uma carne muito tenra que devia ter sido previamente cozida e que nunca se conseguia saber se era porco, frango ou peru. E um bolo tipo doce da casa ou fruta.


E toca a deitar, que o dia de amanhã não será menos exaustivo do que o de hoje.


Beijinhos dos Vóvós. Até breve.

                        Malta, Sicilia e Sul da Itália

              Mapa da ilha de Sicília e cidades nela visitadas

                   Trinácria                   Basílica Madonna delle lacrime

             Interior da Basílica Madonna delle Lacrime

              Madonna delle lacrimie                      Oração de João Paulo II

Missa celebrada pelo Prior de Benfica nas Catacumbas de Siracusa

                                                     Vulcão Etna

      Catânia - Catedral Santa Ágata                     Praça do Elefante

                                                    Catânia

                                   Catânia - Hotel NH Bellini

 

 

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Terça-feira, 12.05.09

 

 Meus queridos netos:


Hoje, dia 24 de Abril, após o pequeno-almoço, dirigimo-nos para o cais em Cirkewwa, onde embarcámos num ferry-boat, o Maria Dolores, de grandes dimensões, luxuoso e muito cómodo  em direcção à Ilha de Gozo, muito mais pequena do que Malta, com apenas 27.000 habitantes em 72 kms. quadrados e uma linha costeira de 43 kms., mas onde nos esperavam muitas e agradáveis surpresas: em primeiro lugar as sua belezas naturais, com três colinas que se recortam no fundo azul do céu, falésias doiradas e praias acolhedoras. Depois, a sua riqueza em monumentos megalíticos, mil anos anteriores às pirâmides e, portanto dos mais antigos de todo o mundo. Começámos por visitar um desses monumentos, o Templo de Ggantija, cujas escavações começaram em 1820 e que hoje são uma importante atracção turística. Primitivamente, eram dois templos separados que depois foram ligados por paredes internas, cheias de terra e de pedra partida e são hoje considerados, pela UNESCO, património da Humanidade.


A Ilha de Gozo, cuja capital é Vitória, passou por várias vicissitudes, a mais trágica das quais a tomada da cidadela, em 1551, pelos otomanos, que destruíram as muralhas e massacraram os habitantes. Repovoada por habitantes de Malta, as fortificações da cidadela foram reconstruídas e a cidade, dividida também em Mdina e Rabat, foi durante muito tempo administrada pelos Cavaleiros da Ordem de S. João , depois por um Conselho Local e, a partir de 1815, pelos britânicos que centralizaram a administração em La Valletta.


A Catedral, é um dos mais belos edifícios construídos entre 1697 e 1711, por Lorenzo Gafà, o mestre do Barroco em Malta; ergue-se à entrada da cidadela, actualmente em reconstrução e tem um valioso Museu, que não tivemos tempo para visitar. A Igreja mais concorrida é o Santuário de Ta’Pinu, também conhecida por Igreja de Filipe, pois foi num campo deste homem que, segundo a tradição, lhe apareceu Nossa Senhora, bem como a uma mulher que costumava pôr flores no seu altar. Graças ao testemunho dos dois, a pequena capela que ali existia desde o séc. XVI, foi integrada num sumptuoso santuário, o templo mais popular dedicado ao culto da Virgem, nas ilhas maltesas. Cada arco tem um número igual de pinturas alusivas à Virgem, todas diferentes, como o são os capitéis. O altar-mor tem como fundo uma linda coroação de Nossa Senhora, ladeada por quatro anjos, dois dos quais seguram a coroa. Um pouco avançado em relação ao altar-mor, há um baldaquino sustentado por quatro colunas de mármore trabalhado e, no alto, oito estátuas em tamanho natural: quatro bispos e quatro profetas relacionados com Nossa Senhora. Também os arcos fechados que ladeiam a Basílica têm, por cima, cenas da vida da Virgem. Nesta Basílica, assistimos à Santa Missa, celebrada pelo nosso prior.


Segundo a lenda, Gozo teria sido a Ilha onde Calipso reteve Ulisses. Por isso se pode ver a entrada duma gruta, a Caverna de Calipso, que não estava aberta ao público mas ficava próxima dum deslumbrante miradouro donde se avistava uma bela paisagem: uma grande mas aconchegada baía com uma convidativa praia de areias doiradas.


A dada altura estávamos a ver um documentário muito interessante sobre a História da ilha, suas belezas, actividades e folclore, mas tivemos de sair a meio para não fazermos esperar o Grupo.


Em Gozo, como em Malta, a maior parte das casas tem, na parede principal, uma imagem de Nossa Senhora ou de santos, especialmente de S. Jorge.


Deixámos com saudades a Ilha de Gozo e regressámos ao catamaran e depois ao autocarro que nos levou ao nosso Hotel, em cuja entrada sumptuosas palmeiras nos davam as boas-vindas.


Nestas nossas deambulações, várias vezes avistámos a Baía e a Ilha de S. Paulo, onde erigiram uma pequena capela e uma estátua monumental em honra do Santo e, por toda a parte, uma rede de torres de vigia costeiras, destinadas a dar o alarme, no caso da aproximação de piratas ou invasores.


Beijinhos, com muito amor, dos Vóvós.


    Tomando notas para o meu Blog

             Ruínas de Ggantija

   Uma rua de Vitória, a capital da Ilha

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Sexta-feira, 08.05.09

   Meus queridos netos:


Fiz em Março oitenta anos e, depois da viagem a Israel e à Jordânia de que, na devida altura, vos fiz um circunstanciado relato e que eu tinha considerado a minha última grande viagem, a fechar com «chave de oiro» as minhas reiteradas tentativas de conhecer países e gentes, neste ano dedicado à comemoração dos dois mil anos do nascimento de S. Paulo, o Apóstolo dos pagãos e meu santo predilecto, não resisti ao apelo que me chegou da minha paróquia, a de Nossa senhora do Amparo de Benfica, para refazer, sobretudo com os olhos do coração, a última viagem de S. Paulo, desde Malta até Roma.


Ao contrário de S. Paulo, tivemos à nossa disposição aviões, navios e autocarros dotados de todo o conforto mas não deixámos de, entre preces, salmos e hinos, visitar os lugares até onde o levou o seu zelo apostólico e a sua total obediência a Cristo Jesus: Não partimos de Jerusalém, nem embarcámos no antiquíssimo porto de Cesareia, não éramos prisioneiros de Roma, nem sofremos tempestades e fome, mas fomos parar a Malta, onde o Apóstolo, durante o ano 60-61, saído miraculosamente dum naufrágio, fundou a primeira comunidade cristã em terras do Ocidente.


Chegámos a La Valletta, via Roma, pelas vinte e uma e trinta e ficámos instalados no Hotel Dolmen, num quarto com três camas, mas uma casa de banho exígua. Tínhamos à nossa espera, no quarto, dois pratos de comida, que mal provámos, pois estávamos cansados e os snacks fornecidos a bordo dos aviões tinham sido suficientes para nos saciar o apetite.
Malta é um pequeno arquipélago de cinco ilhas, mas só duas verdadeiramente Importantes: Malta e Gozo. Está situado em pleno Mar Mediterrâneo e tem apenas 320 kms. de superfície. Além dum antiquíssimo passado pré- histórico, por ali passaram os fenícios, romanos, árabes, normandos,´franceses e esteve sob dominação inglesa até l964. Daí lhe advém uma mestiçagem e um encanto raros no mundo, o que, aliado á grandiosidade dos seus edifícios, `originalidade das suas muralhas, ao seu clima sempre ameno e às suas belezas naturais, faz desta terra um paraíso para férias.


La Valletta recebeu o seu nome de Jean Parisot de La Vallette,cavaleiro francês da Ordem de S. João (Hospitalários), que depois da sua heróica participação na guerra contra os turcos, na ilha de Rhodes, foi nomeado Grão-Mestre e comandou a resistência contra os Otomanos,. Embora já tivesse sido amuralhada pelos árabes no séc. IX, as várias invasões levaram a que as muralhas fossem reconstruídas e aumentadas em l565. Ameaçados pelos muçulmanos, os Cavaleiros de Malta, com a cooperação dos malteses, rodearam La Valletta e as cidades exteriores numa extensão de 45 kms de muralhas que se revelaram inexpugnáveis. Algum tempo depois deu-se a batalha de Lepanto em que os cristãos derrotaram os otomanos e o Papa deu a La Valletta o título de «ajuda dos cristãos».


Começámos a nossa visita por Rabat, (do árabe, os arrabaldes), passando por ruas e pracetas impecavelmente limpas e floridas. O nosso guia chamou-nos a atenção ,na Praça de Castela, para um imponente edifício, com a fachada em exuberante estilo barroco, com o escudo português, e que, desde 1574, serviu para albergar os cavaleiros vindos de Portugal e de Castela. Um pouco mais à frente, pudemos apreciar a estátua do Grão Mestre Manuel de Vilhena, que, além dela, tem um monumento funerário, tal como outro português ( Manuel Pinto da Fonseca), numa capela da Igreja de S. João, Co-Catedral e Oratório. Manuel de Vilhena construiu um magnífico palácio à entrada de Mdina e deu o nome ao Teatro Manoel, um dos mais antigos teatros em actividade de toda a Europa. Esta zona da cidade é constituída por ruas estreitinhas, descendo até ao mar. De todo o lado se avista a enorme cúpula da Basílica de Mosta, que não visitámos Fomos, sim, a um esplêndido miradouro, com uma vista espectacular sobre as três cidadelas no meio do mar e onde se encontra um memorial dedicado ao Marquês de Nisa que, com outros portugueses, ajudou os Malteses a expulsar o invasor francês. Ali se encontra, igualmente, uma bela escultura em bronze dos Gavroches. Com um clima tão ameno, tanta beleza a atrair o nosso olhar, apetecia ficar ali…para sempre. Gastámos algum tempo a passear no miradouro, olhando o mar em baixo, com as sua três ilhotas e os edifícios monumentais que as ocupam totalmente.


Em Rabat há a realçar a Catedral - Oratório de S. João, uma igreja barroca que impressiona pela riqueza barroca de talha em pedra e de dourados. O altar-mor é encimado por uma magnífica escultura representando o Baptismo de Cristo por S. João Baptista. Toda a cúpula é coberta por uma decoração constituída por ciclos de frescos, separados por arcos de pedra, com cenas da vida de S. João , mas também Cristo, santos e anjos. O chão da nave principal é ornamentada por 375 pedras tumulares em mosaicos, de cores e desenhos deslumbrantes. Toda a nave é um impressionante desfile de capelas laterais, qual delas a mais sumptuosa, referentes aos países que maior influência tiveram na Ordem dos Cavaleiros de Malta. Assim, na Capela de Castela, há dois monumentos funerários de grande imponência e beleza: o do Grão mestre Manuel Pinto da Fonseca, em pedra escura e pedras preciosas e com uma elegante escultura do Anjo da Fama, de mármore branco, tocando uma trombeta de metal, enquanto um Anjo mais novo, sentado, olha para o retrato do cavaleiro e apaga uma torcha, simbolizando o fim da sua vida; o monumento a D. Manuel de Vilhena mistura bronze e mármore verde, está rodeado por esculturas de anjos em bronze. Por cima do medalhão com o seu retrato doirado, está também um Anjo da Fama.


Na catedral há duas obras de Caravaggio: uma representação de S. Jerónimo e a impressionante «Degolação de S. João Baptista»: degolado como um animal, o carrasco segura-lhe a cabeça e prende-lhe as pernas para ele se não poder mexer. Ao lado esquerdo está uma rapariga segurando a bandeja em que irá transportar a cabeça do santo. É o único quadro do artista, que esteve fugido em Malta durante um ano, com a assinatura do autor, embora, na Catedral, haja ainda outra obra-prima de Caravaggio, representando S. Jerónimo. É ainda de notar um «Bota-fumeiro» de prata dourada, trabalhada, com o peso de 40 kgs e sustentado por dois anjos pendentes.


Depois de termos almoçado no Hotel Osborne , uma lasagna deliciosa, seguimos para Mdina. A passagem de S. Paulo por esta cidade dentro da cidade, está assinalada por uma catedral do séc. XII, construída pelos normandos num local onde, de acordo com a tradição, era o palácio de Publius que, segundo os Actos dos Apóstolos, aí teria acolhido S. Paulo à sua chegada a La Valletta. A Catedral medieval, que sofreu muitas modificações ao longo dos séculos, foi destruída por um terramoto em 1693 e reconstruída, em puro estilo barroco, pelo arquitecto Lorenzo Gafà.


A Igreja é, como todas aqui, de estilo barroco e tem por trás do altar-mor, uma riquíssima moldura dourada com um enorme quadro alusivo ao naufrágio de S.Paulo. O nosso prior celebrou a missa à 15h e, em seguida, fomos visitar a gruta onde S.Paulo viveu: é um espaço acanhado, em pedra tosca, clara e tem, ao fundo uma estátua de S. Paulo, em tamanho natural. Defronte da estátua há quatro lanternas acesas, em prata, artisticamente trabalhadas, a ladear uma lápide comemorativa da visita a este local do Papa João Paulo II, em 1990 (Fez três visitas a Malta). A estátua de S.Paulo, em mármore branco, é iluminada por uma caravela de prata, oferta dos Cavaleiros de Malta, que todos os anos aqui acorrem, de muitas partes do mundo, para as suas celebrações.

 

Ao lado da gruta há um espaço rectangular um pouco mais amplo, que já teve afrescos, quase totalmente destruídos por várias intervenções: Era uma prisão e, no tecto, a única zona deixada tosca, há vários buracos por onde os carrascos introduziam cordas e correntes para torturarem os prisioneiros.
Por todo o lado há imensas igrejas, capelas, nichos nas casas ou nas ruas, com imagens ou esculturas de santos, nomeadamente S. Francisco de Assis, Nossa Senhora, S. Paulo e muitos outros, conforme a devoção de cada um.


O mesmo verificámos quando nos dirigimos para Mdina, uma cidade que nunca foi tomada pelos muçulmanos, graças às suas imponentes muralhas. Nunca vi, em tão pouco espaço, tanta casa monumental: palácios, igrejas, casas de religiosas, todas com traça e ornamentos barrocos. Logo à entrada, depara-se-nos o Palácio Vilhena, mandado construir pelo português de que já falei e que faz parte da História de Malta. Percorremos a cidade a pé , com esforço, mas deliciados com tanta beleza e harmonia.


À saída situa-se a catedral de Mdina, dedicada a S. Paulo que, infelizmente, estava fechada.


Depois deste dia cheio de beleza e emoções, chegámos ao nosso Hotel, onde descansámos um pouco, fomos jantar e nos preparámos para dormir.

 

E hoje fico por aqui.

 

Beijinhos

 


                                   Mapa de Malta e Gozo


 

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Sexta-feira, 01.05.09

 

 

Venham de lá as «meninas»
os seus anos festejar.
Quem disse que, fazer anos,
era asneira a evitar?

 

Não é isso que pensámos.
Com o nosso amor à vida,
na alegria e na tristeza,
eis a manta de retalhos
mais alegre e colorida,
a maior graça que herdámos.

 

Querem saber quantos são
os anos que nós fazemos?
Alto lá. Isso é que não,
pois não se contam por anos
a força, a convicção
que, dia a dia, vivemos.

 

E também a nossa fé
de estarmos onde Deus quer
até ao dia em que Ele
achar a missão cumprida,
com a força que nos der.

 

Lisboa, Fevereiro-Março de 2009


Clementina Relvas

 







publicado por clay às 10:13 | link do post | comentar | favorito
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