Rómulo, Remo e a Loba. Rômulo e Remo são, segundo a mitologia romana, dois irmãos gémeos, um dos quais, Rómulo, foi o fundador da cidade de Roma e seu primeiro rei Segundo a lenda foram amamentados por uma loba. (A Loba Capitolina - Escultura do século V antes de Cristo)
Meus queridos netos:
Ainda no dia 28, à tarde, fomos visitar a Basílica de Santa Maria Maior, que já conhecíamos, mas fazia parte, com as três outra basílicas patriarcais, todas com «porta santa», (Vaticano, S. João de Latrão e S. Paulo Extra-Muros), fazia parte da nossa peregrinação.
Foi construída no papado de Sisto III, entre 432 e 440, segundo o modelo das basílicas da antiguidade e o interior foi decorado com mosaicos por vontade do mesmo Papa.
Depois do Concílio de Éfeso, ficou intimamente ligada à Virgem Maria, pois foi neste concílio, reunido em Éfeso entre 22 de Junho e 31 de Julho de 431, que Nossa Senhora, contra as heresias vigentes, foi declarada Mãe de Deus, por ser a mãe de Jesus Cristo, que é Deus.
Na época barroca, sofreu uma profunda renovação, que se traduziu principalmente na abside e na fachada, totalmente reconstruída em 1743.
O tecto da Basílica é composto por um grande número de caixotões cobertos de ouro, vindo da Argentina. No dia 15 de Agosto, dia de Nossa Senhora das Neves, há uma concorrida cerimónia em que, abrindo-se um dos caixotões do tecto, dele cai um sem número de flores, em memória da neve duma aparição em sonhos.
O chão, em mármore de diversas cores, parece um tapete da Idade Média. Aqui se encontra sepultado, em campa rasa, o escultor Bernini. O altar-mor é de pórfiro vermelho, proveniente do Egipto e tem uma belíssima estátua de mármore do Papa Pio IX, o Papa da Imaculada Conceição E também aqui há um baldaquino, menos imponente do que o da Basílica do Vaticano, mas igualmente precioso.
À noite fomos quase todos fazer uma visita panorâmica a Roma, a cidade das sete colinas e dos inúmeros palácios e igrejas, com paragem na Fonte di Trevi, para onde uma pequena multidão de turistas atirava, voltando-lhe as costas, algumas moedas, na esperança de voltar a Roma. Penso que já vos falei, numa carta anterior, da primeira visita que fizemos a esta fonte, uns anos atrás, e do episódio inesperado que viria a dar-se. Atirámos nessa altura, como não podia deixar de ser, algumas moedas de acordo com a praxe. O mais curioso é que, no ano seguinte, num voo directo Atenas-Lisboa, o avião que nos transportava foi obrigado a fazer uma aterragem forçada em Roma, onde ficámos a expensas da Companhia durante quatro dias, pois o avião teve de ir a Londres reparar a avaria. Foi uma coincidência extraordinária que nos soube bem e à qual achámos depois muita graça, apesar do susto que a avaria nos pregou.
No dia 29 de manhã, bastante cedo para arranjarmos lugares sentados, dirigimo-nos à Praça de S. Pedro, uma vasta praça, imponente e harmoniosa, que simboliza, pelo seu traçado, os braços da Igreja abertos para os seus fiéis. A sua elegante e majestosa colunata, com 284 colunas de mármore, está adornada com 140 estátuas de santos.
Já havia muita gente, à espera de receber a bênção papal, mas a praça pode acomodar 300.000 pessoas e, por isso, ainda houve sempre alguns lugares vagos, embora, lá mais para diante, a multidão já se estendesse também pela Via da Conciliação. A cerimónia foi muito demorada, porque havia peregrinos vindos dos mais diversos cantos do Mundo, aos quais foram dirigidas mensagens nas mais variadas línguas. No final, recebemos a bênção do Papa, que se encontrava em frente da Basílica mas que todos podiam acompanhar, através de numerosas televisões espalhadas pela Praça.
De tarde, fomos visitar a Basílica de S. João de Latrão, que é a Catedral do Bispo de Roma, o Papa e só ele pode celebrar missa no altar papal. Acima deste, ergue-se o tabernáculo dourado com afrescos e esculturas. Na parte superior estão os bustos de S. Pedro e S. Paulo, de prata dourada, que se dizia conterem as cabeças destes dois grandes santos. Uma das preciosidades desta Basílica é o Baptistério Octogonal, considerado o mais antigo do Cristianismo e onde o imperador Constantino parece ter sido baptizado Tem um grande claustro, resto dum antigo mosteiro da Ordem de S. Bento, que é constituído por graciosas colunas de mármore marchetado, do séc. XIII. Tem o título de «cabeça e mãe de todas as Igrejas de Roma e do Mundo».
No exterior tem um grande obelisco, egípcio, do séc. XV a.C., que pertenceu ao templo de Amon, em Tebas, e foi trazido para Roma, em 357, pelo imperador Constantino, que primeiramente o colocou no Circo Máximo.
Num edifício vizinho da Igreja, fica a «Escada Santa», que representa a escada usada por Jesus para entrar no Pretório e agora está sempre superlotada de peregrinos que a sobem de joelhos.
Depois da visita a S. João de Latrão fomos a S. Paulo Extra-Muros. É a segunda maior Basílica de Roma e foi classificada como património mundial da UNESCO.
A actual Basílica, situada a cerca de 2 kms fora da Muralha Aureliana, é uma reconstrução do séc. XVIII da antiga basílica paleocristã de Constantino. Este imperador mandou construí-la sobre um antigo cemitério mas, alguns anos depois, esta foi demolida para dar lugar a uma igreja com cinco naves, parecida com a Basílica Vaticana da época.
Em 1823, um incêndio destruiu-a quase totalmente e o Papa Leão XII fez um apelo a toda a cristandade a fim de angariar fundos para a reconstrução. O apelo não tocou apenas os corações dos fiéis: o rei Fuad I, do Egipto, ofereceu duas colunas de finíssimo alabastro e o Czar Nicolau I blocos de malaquite e lápis-lazúli para os altares laterais do transepto. Foi consagrada em 1854 por Pio IX, que então proclamou o dogma da Imaculada Conceição.
Escavações arquelógicas revelaram, em 2006, um túmulo, debaixo do altar-mor, com a frase: «Paulo Apostol o Mart», o que veio confirmar uma tradição muito antiga de que ali tinha sido sepultado o apóstolo dos gentios. Já a partir do séc. XIII, data do primeiro ano santo, passou a fazer parte do itinerário jubilar.
No interior das naves e no transepto encontra-se a colecção das efígies de todos os pontífices, desde S. Pedro a Bento XVI, mas há ainda 25 medalhões vazios.
Defronte da Basílica, encontra-se uma enorme estátua de S. Paulo
Em 31 de Maio de 2005, o Papa Bento XVI publicou um «motu-próprio» no qual manifesta o desejo de que «o Apóstolo dos gentios ilumine e proteja todos aqueles que desempenham as funções na Basílica a ele dedicada e conceda ajuda e alívio a todos os fiéis.
E aos peregrinos que, com sincera devoção, visitam o lugar sagrado da memória do seu martírio, para reavivar a própria Fé e invocar a salvaguarda do caminho de santificação e sobre o compromisso da Igreja, em vista da propagação do Evangelho no mundo contemporâneo»,
Que assim seja!
Em avião dos TAP, regressámos a Lisboa, chegando a casa por volta das 23 horas. E assim terminou a nossa inesquecível mas muito estafante viagem.
Beijinhos dos Vóvós e que a nossa peregrinação vos conceda as graças que para vós implorámos.
Bilhete de entrada para a Benção Papal (gratuito)
Assistindo à Benção Papal
Almoço numa esplanada próxima do Vaticano
Basílica de S. Paulo Extramuros
S. João de Latrão