Nunca pensei que os "olhos do meu coração, no dizer de S. Paulo, revelassem pormenores por mim julgados completamente esquecidos...
Sábado, 29.05.10

             Quando o burrinho Filó nasceu, naquela pequena aldeia transmontana, havia muitos burros à sua volta: uns, os adultos, carregavam sacos de milho ou de centeio para o moinho da ribeira, feixes de lenha para a lareira, grandes molhos de erva para se alimentarem ou levavam à feira o próprio dono, à falta de melhor transporte, que mais não fosse um cavalo, que sempre era sinal de mais posses; os mais pequenos, e esses já eram poucos, brincavam na rua uns com os outros ou, se calhava encontrarem-se sozinhos nos quintais, perseguindo uma galinha que toda se espanejava à sua frente ou algum cachorro que ainda mal sabia ladrar.

          Comida com fartura, em casa ou no lameiro, água fresca à discrição no velho fontanário e uma festa no lombo ou no meio da testa, era tudo o que precisavam e que lhes parecia não haver de acabar nunca. Mas a vida é cheia de ratoeiras e essas não cabiam nos seus projectos.

         O Filó era um privilegiado: tinha pai, tinha mãe, dois irmãos mais velhos e uma catrefada de primos. Além disso, a dona era uma simpatia de pessoa, sempre a fazer-lhe festinhas, a chamá-lo pelo nome que ela própria escolhera e a escovar-lhe o pêlo até ficar luzidio como seda. O dono era mais sisudo, mas também boa pessoa. Que ele tivesse visto, nunca a vara, que empunhava para guiar os animais, fora usada para, com ela, os fazer andar mais depressa.

       Aqueles donos, em seu entender, apenas tinham um contra: sem filhos pequenos – os dois, já adultos, tinham casado e ido morar para longe – era uma constante mágoa para o Filó ver os seus amigos com crianças escarranchadas no lombo, sempre alegres e ruidosos que era um gosto vê-los.

       Mas o pior estava para vir. Um dia o dono lembrou-se de comprar uma pequena camioneta para o serviço da quintarola e, se tir-te nem guar-te, vendeu os seus burros a uns ciganos que por ali andavam em busca de bons negócios. Foi horrível. Mas o que mais lhe custou foi ouvir o dono dizer:

       - Dá-me mais uma notinha e leva também o jumento pequeno, que não me serve para nada.

      Sentiu-se inútil, claro, e desprezado como se aquele bocado de vida que lhe coubera até ali mais não fosse que um fingimento, um insuportável hipocrisia.

      É verdade que, à sua dona, ainda lhe vieram lágrimas aos olhos e disse, condoída:

      - Coitadinho do Filó! Tão estimadinho, tão engraçado com aquela estrela na testa, tão meu amigo que tanto se divertia a dar-me leves cabeçadas sempre que chegava à minha beira e agora…

      Agora lá foram todos para o acampamento dos ciganos, onde havia muitos meninos mas que, fartos de ver passar por ali tantos cavalos e burros, não se interessavam por eles, até porque sabiam que a estadia nunca teria longa duração.. Um mês, nem tanto, para a família do Filó e mais quatro burros ainda possantes que tinham passado pela mesma tribulação. Tribulação que não se podia comparar à de um casal de burros, já velhinhos, tolhidos pelo reumatismo e que passavam o dia estendidos na palha, a um canto.

      Dizia um:

      - Vê-se mesmo que são burros.

             Ao que outro replicava:

      - Pois, não admira que já ninguém lhes dê valor. E eu até ouvi dizer que são uma espécie em extinção, que em breve não haverá mais nenhum.

            Mas eu vos digo que bem se enganavam em tudo:

            Uma manhã, por sinal uma daquelas manhãs de sol em que só apetecia correr atrás das galinhas e encher o acampamento de zurros de alegria, apareceu por ali um jovem casal que se mostrou extasiado:

      - Olha, é mesmo aquilo de que precisamos para a nossa clínica. Seis burros adultos e mais quatro jumentinhos já dá para começarmos. E; com aquela CERCI ali ao lado, freguesia não nos vai faltar. E até se me corta o coração ao ver aqueles meninos deficientes a quem a hipoterapia havia de fazer muito bem.

        - Eu quero aquele pequenino, com a estrela na testa – disse a rapariga, uma morena simpática e desembaraçada. Será a minha mascote. Vou chamar-lhe Flor, que é o que ele me faz lembrar, não sei porquê. E vou-me divertir a treiná-lo, nas horas vagas, de modo que todos os meninos o escolham para os seus jogos.

       - Pois olha, quanto a mim, só uma coisa me preocupa: aqueles dois burros velhinhos, já tão trôpegos e para ali abandonados e maltratados.

       - Vamos levá-los também. Ensinaremos as crianças a ocuparem-se deles: irão dar-lhes os remédios que vamos comprar e logo se vê o que acontece.

       Fechado o negócio, lá foi o jovem casal, seguido pela récua de burros, até uma vila dos arredores, onde já tinham montado um pequeno hipódromo, com todos os apetrechos que a sua recente formação julgara indispensáveis.

       E foi, de facto, um sucesso: os meninos deficientes, ajudados pelos dois instrutores, aprenderam a montar, começaram a comunicar com eles por meio de festinhas e palavras muito carinhosas ou, se não podiam falar, com gestos ainda mais meigos.

       O Filo, agora Flor, em breve se tornou o ídolo não só da jovem instrutora mas de todos os meninos, que não deixavam passar um dia sem lhe trazerem cenouras, quadradinhos de açúcar e até uma flor com que lhe enfeitavam a pequena cabeçada. Em troca, e como já estava a ficar espigadote, deixava-os montar e dar pequenos passeios, com todo o cuidado para não caírem.

       E os dois burros velhinhos? – perguntareis.

       - Olhem, os remédios fizeram-lhes muito bem, curaram-lhes o reumatismo e já por ali trotam, alegres. sempre rodeados de crianças, cujo convívio lhes restituiu a alegria de viver. E, quem havia de dizer, passaram a ser os mais disputados pelas crianças, à medida que estas iam recuperando, porque eram os mais experientes e dotados duma paciência sem limites.

 

                       Clementina Relvas

                                                                                                                                                                                

                                                                     

 

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Quinta-feira, 20.05.10

                               

 

Quando a menina nasceu – e isto passou-se há muitos, muitos anos – não havia maneira de atinarem com o nome a dar-lhe: a mãe queria chamar-lhe Purificação porque tinha uma fé especial nesta invocação de Nossa Senhora; o pai achava o nome muito comprido e, santa por santa, melhor seria chamar-lhe Assunção, nome mais curto e fácil de dizer. Mas a mãe contrapôs que esse não era argumento aceitável porque ela tencionava, em família, chamar-lhe Purinha. E ganhou a mãe, como era de prever. Ganhou, isto é, teria ganhado se o Diabo, ou alguém por ele, lhe não tivesse trocado as voltas.

 

             Quando o pai foi à sede do concelho, um bom par de quilómetros a cavalo, para fazer o registo, pôs-se à conversa com o escriturário, seu conhecido e, palavra puxa palavra, foi uma longa cavaqueira, no meio da qual, ambos distraídos, o nome que ficou registado foi, imaginem… Menstruação.

 

            Ao chegar a casa e ao mostrar à mulher a cédula pessoal, desabou uma tempestade de choros e protestos que, por pouco, não deitava a casa abaixo.

 

             Quando as coisas acalmaram, disseram ambos:

 

- Afinal não há nomes maus. O que é preciso é que ela tenha muita sorte e uma longa vida.

 

             Ora, logo havia de estar ali à escuta, na sombra da cozinha, uma fada que se ofereceu:

 

- Eu vou já fadá-la para que nunca a morte dê com ela e para que nenhuma mulher a desconheça.

 

            Os pais acharam o voto excessivo pois não tinham notícia de que alguém não morresse nunca. Todos, ricos ou pobres, bons ou malfeitores, tinham o mesmo destino, a ponto de se ter inventado o dito: «A morte é certa, a hora incerta». E também qual viria a ser a vantagem de todas as mulheres a conhecerem? E porque não todos os homens?

 

            Os pobres pais estavam completamente baralhados, mas que podiam eles contra uma fada?

 

            Pronto. A menina cresceu e tinha, entre outras, uma grande qualidade: era muito pontual.

 

            Como o nome era, realmente, comprido e até um pouco difícil de pronunciar, resolveram chamar-lhe São e esquecer toda aquela trapalhada.

 

            E São ficou a menina para os pais e mais família, para as colegas da escola e até para a professora primária, embora esta não pudesse ignorar o seu verdadeiro nome, constante dos documentos oficiais.

 

            Embora não fosse feia e até muito prestável, nunca arranjou namorado e, portanto, nunca se casou. Durante muitos anos, todos continuaram a chamar-lhe Menina São e alguns, mais íntimos, Menina Sãozinha.

   

                                                                       ***

 

            Mas quando as rugas começaram a marcar-lhe a cara e os cabelos brancos a misturarem-se com os castanhos, as pessoas quiseram dar-lhe um tratamento mais adequado à sua idade e condição.

 

            Abriram a boca de espanto – mas logo a taparam à pressa, com a mão – quando lhes disseram que a Menina Sãozinha se chamava, nem mais nem menos, que D. Menstruação. A princípio, foi um grande embaraço, mas, com o hábito, já achavam o nome tão normal como outro nome qualquer: então não havia as Aldegundes, as Hermenegildas e outros ainda mais estapafúrdios?

 

Ora, como nós sabemos, ainda a procissão ia no adro e o segredo era outro bem mais importante e escondido.

 

            Só que, com aquele nome, aconteciam muitos quiproquós e faziam-se, inadvertidamente, muitos trocadilhos que umas vezes deixavam as pessoas embaraçadas e outras, talvez em maior número, aflitas com o riso sufocado:

 

- Ora muito boa tarde, D. Menstruação. Tenho muito gosto em vê-la. Embora, a falar verdade, não contasse hoje com a sua visita (risos dos circunstantes).

 

- Mas olhe que já há quase um mês que não nos víamos.

 

- Pois é verdade. Então vamos lá tomar um chazinho e pôr a conversa em dia.

 

- Obrigada pelo chazinho, mas não queria dar-lhe esse incómodo… (mais risos abafados).

 

- Não diga isso. Se calhar a sua ausência volta a prolongar-se por quase outro mês e só no fim desse período…

 

            Nem completou a frase porque, por mais que fizesse, não conseguia evitar as numerosas alcunhas com que as pessoas, apesar de tudo, procuravam evitar aquele nome, por elas próprias dito normal.

 

            Quando a visita era para alguma adolescente, tornava-se um verdadeiro incómodo pois, embora durante um curto período, a menina não podia ir à piscina o que, naquelas idades, era sentido como uma grande provação.

            Alguma havia até, com mais sentido de humor, que, da primeira vez, desabafava com alguém:

 

- Então já viste que agora vou tornar a usar fraldas?

 

            E isto quando tudo corria de feição porque a mãe, previdente e esclarecida, já tinha antecipado todas as explicações. Mas não raras vezes – sobretudo em tempos já passados – tudo o que dizia respeito a D. Menstruação era um impenetrável segredo.

 

E aí criavam-se verdadeiras situações de pânico: as meninas, sem saberem a causa da repentina hemorragia, julgavam-se vítimas duma doença mortal e iam, debulhadas em lágrimas, acolher-se às asas protectoras das mães que as consolavam com palavras sábias e avisos prudentes. Sentiam-se então felizes por poderem dizer às amigas que já eram verdadeiras mulheres e sabiam tudo de tudo.

 

                                                       ***

 

            Mas, apesar das palavras da fada que, aliás, só falara de morte e não de velhice, D. Menstruação foi envelhecendo, envelhecendo e, um dia, apareceu muito triste e alquebrada em casa da D. Micas. E desabafou:

 

- Há fados que não deviam ser permitidos: como é que eu, tão velhinha e achacada, poderei viver para sempre? Que triste sina a minha! É verdade que, na minha longa vida, tenho assistido a muitas manifestações de alegria, embora também a alguns dramas. Como eu fico radiante quando ouço uma mulher, casada de fresco, dizer para o seu marido: “Acho que vamos ter um filho. Este mês não tive a visita da D. Menstruação…” Ambos ficam loucos de alegria e eu ainda me sinto útil. Mas como me dói o desespero de raparigas solteiras ao darem pela minha falta! Bem gostaria de lhes fazer uma visita, mas esse remédio não está nas minhas mãos Como não está nas minhas mãos valer às mulheres casadas já carregadinhas de filhos… O que é certo é que eu estava a cumprir o meu fadário e quase sempre nasciam crianças lindas, que eram o enlevo de todos. E nada podia fazer contra a sina que a fada me tinha dado. E agora veja lá, D. Micas, agora que já me tinha resignado, além de velha, estou a ficar sem préstimo. E vá lá a gente fiar-se em fadas … È verdade que, sem a minha visita, nenhuma mulher pode conceber um bébé, mas inventaram para aí umas pílulas mágicas que praticamente só o têm se quiserem e quando quiserem. A menos que sejam umas estouvadas e se esqueçam de as tomar. Há casos em que até fico contente por me não quererem receber em casa, pois, como já disse, os anos foram-me tirando o gosto de cumprir o meu destino. Mas há outros em que sinto uma grande mágoa: quando dizem que têm de fechar escolas porque não há meninos para as irem encher dos seus risos e lá aprenderem a ler, a escrever, a prepararem-se para a vida. Também tenho muita pena daqueles casais que passam anos a sofrer a desilusão de ver que a minha visita, talvez por esta minha já referida velhice, mais uma vez não deu em nada. Mas também já me disseram que não é bem assim: é verdade que tenho de aparecer primeiro numa mulher e depois os médicos, com as suas inseminações e outras magias esquisitas que eles conhecem, é que se encarregam de trazer ao mundo mais algumas crianças. Mas temo muito pelo meu futuro. Os homens são capazes de tudo, até de me tirarem o pouco préstimo que ainda me resta e, com ele, a vida que a minha fada disse que não acabaria nunca. Não quero ser pessimista, mas muitas vezes me surpreendo a dizer com os meus botões: «Como os tempos mudaram!»

 

 E ponho-me a magicar se a mudança foi ou não para pior.

      

                                      

                                               Vila Ruiva, 16-09-07

 

                                                Clementina Relvas

        

 

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Quinta-feira, 13.05.10

                   

                               BENTO XVI (fonte: Revista "Sábado")

 

 

              Bem-vindo seja o Papa, o nosso Pai,

            que vamos acolher com todo o amor.

            Vem visitar a Virgem, nossa Mãe

            e as ovelhas dispersas, Bom Pastor.

 

            Peregrinação de Fé e de Esperança,

            é o Senhor Jesus que nos visita

            no sucessor de Pedro e toda a Igreja

            se Lhe dirige, com a alma aflita

 

            por tantas provações, tantos agravos

            cometidos por nós, os pecadores,

            como novos espinhos, novos cravos

            fontes de nova Cruz, de novas dores.

 

            Recebamo-lo com cantos de alegria,

            hinos de amor dum coração atento.

            Enchamos de flores o Seu caminho,

            para  Lhe dar um renovado alento.

 

                        Lisboa, 12 de Maio de 2010

 

                        Clementina Relvas

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Sábado, 08.05.10

   

              A multidão aguardando a chegada de Bento XVI ao Terreiro do Paço

 

 

                                                                                

                                   Meus queridos netos:

 

A predilecção de Nossa Senhora por Portugal, escolhendo a Cova da Iria para se manifestar aos Pastorinhos e lhes transmitir tantas e tão importantes mensagens para o nosso País e para o Mundo, foi uma inesgotável fonte de graças: deu-nos três almas santas, Lúcia, Francisco e Jacinta para serem nossos guias espirituais e nossos intercessores junto de Deus e deu-nos o privilégio de trazer a Portugal, em poucas décadas, três Papas que escolheram ser peregrinos de Fátima por amor à Virgem Maria.

 

Em primeiro lugar, em 1967, Paulo VI que, dois anos antes, em 1965, distinguiu o Santuário de Fátima com a Rosa de Ouro, visitou Portugal, para celebrar o cinquentenário das aparições e onde esteve apenas oito horas, mas fez dois discursos, celebrou uma Eucaristia e nos dirigiu exortações tocantes como esta: “Homens, sede homens. Homens, sede bons, sede cordatos, abri-vos à consideração do bem total no mundo. Homens, sede magnânimos”.

 

João Paulo II veio três vezes a Portugal: em 1982, um ano após o atentado na Praça de S. Pedro, para agradecer a Nossa Senhora a sua intervenção milagrosa, que lhe salvou a vida e para lhe oferecer a bala do delito, agora incrustada na coroa da Virgem; em 1991, quando visitou os Açores, a Madeira e Fátima, tendo permanecido em Portugal setenta e cinco horas e celebrado, entre outras, uma missa no Estádio do Restelo. A essa missa assistiram multidões entusiásticas, com grande predomínio de jovens, seduzidos pelo carisma do Papa que tinha adoptado para divisa uma declaração de profundo amor a Nossa Senhora “Totus tuus” (Todo teu) e procurado incutir-lhes ânimo através da expressão tirada do Evangelho e que usou repetidamente:”Não tenhais medo”.

 

No ano 2000, João Paulo II, já muito debilitado e deslocando-se sempre no papa-móvel, esteve novamente na Cova da Iria para proceder à beatificação dos Pastorinhos e revisitou Lisboa.

Este ano, é a vez de Bento XVI, que, na sua qualidade de Chefe de Estado do Vaticano, terá várias honras oficiais e, como Papa, celebrará, no dia 12 de Maio, missa em Lisboa, no Terreiro do Paço, no dia 13 presidirá a várias cerimónias em Fátima, e, no dia seguinte, honrará o Porto com a primeira visita papal e celebrará missa na Avenida dos Aliados.

 

Com o maior dos pesares, nunca me foi possível integrar a multidão de fiéis que acolhem cada Papa como se fosse o próprio Jesus. Mas vivi a singularidade de ir a Roma e ver o Papa… morto.

 

Estava em Roma, integrada numa excursão que se preparava para ir ver e ouvir o Papa, João Paulo I, eleito há pouco mais dum mês, quando o nosso guia nos trouxe a inesperada notícia da morte deste Pontífice, o que, primeiro, tomámos como brincadeira de mau gosto, mas que depois, ao confirmar-se, nos deixou a todos consternados, pois todos o amávamos e admirávamos.

 

O nosso programa teve de ser alterado: nesse dia visitámos a Basílica de S. Pedro, cujas imagens iriam ser veladas por panos negros e também o Museu do Vaticano e a Capela Sistina, encerrados no dia seguinte. E, como soube que se podia visitar o Papa morto, nos seus aposentos até ao fim da tarde, integrei-me numa longa fila e aguardei pacientemente a minha vez. Tinha apenas seis pessoas à minha frente quando, pelos altifalantes, nos avisaram de que já não entraria mais ninguém. Criou-se uma onda de pânico e por pouco não fui esmagada pela multidão. O que não tinha qualquer razão de ser porque, no dia seguinte, toda a gente pôde desfilar diante do sarcófago, entretanto trasladado para a Basílica.

 

E assim tive a oportunidade de, estando em Roma nesses dias, ter visto o rosto sereno de João Paulo I, o Papa Sorriso, que já tinha partido para Deus.

 

                                   Lisboa, Maio de 2010

 

                                   Clementina Relvas

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