Meus queridos netos:
A predilecção de Nossa Senhora por Portugal, escolhendo a Cova da Iria para se manifestar aos pastorinhos e lhes transmitir tantas e tão importantes mensagens para o Mundo, foi uma inesgotável fonte de graças: deu-nos três almas santas, Lúcia, Francisco e Jacinta e deu-nos o privilégio de trazer a Portugal, em poucas décadas, três Papas que escolheram ser peregrinos de Fátima por amor à Virgem Maria.
Em primeiro lugar, em 1967, Paulo VI visitou Portugal para celebrar o Cinquentenário das Aparições.
João Paulo II veio três vezes a Portugal: em 1982 para agradecer a Nossa Senhora a intervenção milagrosa que lhe salvou a vida e em 1991, quando visitou os Açores, a Madeira e Fátima.
No ano 2000, João Paulo II, esteve novamente na Cova da Iria para proceder à beatificação dos Pastorinhos e revisitou Lisboa. Este ano, foi a vez de Bento XVI.
Com o maior dos pesares, nunca me foi possível integrar a multidão de fiéis que acolhem cada Papa como se fosse o próprio Jesus. Mas vivi a singularidade de ir a Roma e ver o Papa… morto.
Estava em Roma, numa excursão que se preparava para ir ver e ouvir o Papa, João Paulo I, eleito há pouco mais dum mês, quando o nosso guia nos trouxe a inesperada notícia da morte deste Pontífice, o que, nos deixou a todos consternados, pois todos o amávamos e admirávamos.
O nosso programa teve de ser alterado: nesse dia visitámos a Basílica de S. Pedro, cujas imagens iriam ser veladas por panos negros e também o Museu do Vaticano e a Capela Sistina, encerrados no dia seguinte. E, como soube que se podia visitar o Papa morto, nos seus aposentos até ao fim da tarde, integrei-me numa longa fila e aguardei pacientemente a minha vez. Tinha apenas seis pessoas à minha frente quando, pelos altifalantes, nos avisaram de que já não entraria mais ninguém. Criou-se uma onda de pânico e por pouco não fui esmagada pela multidão. O que não tinha qualquer razão de ser porque, no dia seguinte, toda a gente pôde desfilar diante do sarcófago, entretanto trasladado para a Basílica.
E assim tive a oportunidade de, estando em Roma nesses dias, ter visto o rosto sereno de João Paulo I, o Papa Sorriso, que já tinha partido para Deus.
Lisboa, Maio de 2010
Clementina Relvas