Coitada da maçã!
Seria, acaso, o pomo
da árvore que estava
a meio do jardim
a fonte do pecado,
a tida por vilã?
Coitada da maçã!
Ou vermelhinha e doce
ou toda verde,
ou fosse como fosse,
por que razão havia
de ser ela a vilã?
Coitada da maçã!
Em francês talvez fosse
- que pomo ou pomme
tanto faz –
mas, noutras línguas,
que fruto proibido
haveria a serpente
de escolher,
para levar à queda
os nossos pais
e, com ele, os perder?
Foi, sim, um pomo,
um fruto proibido,
a fronteira de Deus,
além da qual
espreitava o pecado original.
Mas, que fosse a maçã!
Coitada da maçã!...
Clementina Relvas