NÃO VALE PERDER A ESPERANÇA
Mas não, pensando bem,
detecto o exagero
e deixo de chorar.
Tanto regato a correr,
cristalino,
talvez possam, unidos,
despoluir o mar.
Tantas estrelas
que inda vejo à noite
na solidão da serra.
Tanta gente no mundo,
tanta gente
em luta contra a guerra.
Tantos homens
que empregam o seu tempo
a salvar o que resta, a reciclá-lo
para futuras gerações.
E tantos voluntários
que se entregam,
de corpo e alma
a ajudar os que sofrem,
sem ter em conta
credos ou nações.
Que eu cultive,
como flor de jardim
resguardada dos ventos
por um muro de amor,
esta ténue esperança
que me resta
de ver um mundo novo
mais fraterno, melhor.
Clementina Relvas