Até quando, Senhor, ficará triste
a minha alma, com teu olhar ausente
de mim ou por mim esquecido,
se prometeste estar sempre presente?
Sei-o porque o disseram os profetas
e os apóstolos que, fiéis Te seguiram
mas, sobretudo, porque o afirmaste
àqueles que Te creram, que Te ouviram.
Se Tu curaste os cegos e aos coxos
restituíste o andar com o perdão,
ressuscitaste os mortos, como Lázaro
e realizaste os milagres do pão,
como hei-de duvidar do Teu poder,
fonte e penhor de toda a Criação?
Como hei-de julgar que me abandonas
e viver mergulhada em escuridão?
Senhor, eu sei que às vezes é difícil,
com tanto sofrimento, em todo o o lado,
ver tantas criancinhas a sofrer,
elas que não conhecem o pecado.
Será para podermos exercer
em Teu nome e por nossa salvação
a caridade, que, disse S. Paulo,
é o ápice de toda a perfeição?
A caridade é amor e Amor és Tu
e seria absurdo o pensamento
que, para praticar a caridade,
houvesse tão injusto sofrimento.
As Tuas leis são justas, infalíveis
e impenetráveis à minha razão.
Não permitas, Senhor, que o meu orgulho
Te faça desertar meu coração.
Perdoa, ó Deus, as dúvidas e angústias
que ensombram a minha alma, noite e dia.
Responde-me, Senhor, ilumina os meus olhos
que eu sinta, sempre, a Tua companhia
Clementina Relvas