Desculpa, ó Mãe,
ó Mãe igual à minha!
Eu vejo o teu sorriso de ternura,
ao teu filho, já filho no teu seio;
e a tua carne,
a tua pele escura,
sentir a mesma dor e o mesmo enleio.
Eu vejo esse milagre,
tão milagre,
como vi ser em mim
por cada filho;
e nos teus olhos, Mãe,
eu vejo ser estrela
o mesmo brilho.
Desculpa se as palavras
não são rosas;
se o meu amor,
igual ao teu amor,
deixa as palavras serem só palavras
e não as faz dar flor.
Senão Mãe Africana,
ó minha irmã:
Tu havias de ver
as minhas mãos vazias
não serem mãos,
não serem mãos vazias,
mas serem todas luz
e darem flor.
Luanda, Dezembro, 1963
Clementina Relvas