Meus queridos netos:
Retomo «o fio à meada», pois ainda me falta referir a emocionante visita ao INSTITUTO YAD VASHEM, vasto complexo de edifícios e sítios em memória dos Mártires e Heróis do Holocausto, criado em l953, por determinação do Knesset e localizado no agora denominado Monte da Memória. É um vasto complexo que demora muitas horas a visitar e é composto por:
- Um Arquivo, com 68 milhões de páginas e mais de 300.000 fotografias,
- A Biblioteca, com 112.000 títulos e também milhares de periódicos em diferentes línguas;
- A Parede dos Nomes – lápides simbólicas que recordam o nome e alguns dados biográficos de milhares de vítimas do Holocausto;
- A Escola Internacional, com 27 salas de aula, um centro multimédia, um centro pedagógico, um auditório e que é frequentado anualmente por mais de 187.000 estudantes de Israel, integrado por mais de 100 educadores, sem contar com os milhares de professores que vêm de todo o mundo para ministrarem cursos e fazerem conferências em várias línguas, e também em hebraico, naturalmente;
- O Instituto de Investigação, que coordena as pesquisas a nível nacional e internacional e publica importantes trabalhos sobre o Holocausto;
- O Memorial da Criança, em memória do meio milhão de crianças vítimas dos nazis e de que falarei mais detalhadamente;
- O Vale das Comunidades, paredes de rocha maciça onde estão gravados os nomes das comunidades judaicas que foram eliminadas e de algumas, poucas, que sobreviveram ao sofrimento;
- A Avenida do Jardim, em homenagem às nações não judias que acolheram refugiados judeus ou, através de algum cidadão seu, salvaram muitos judeus, arriscando a própria vida. Este Jardim tem cerca de 2.000 árvores, junto das quais se encontram placas com o nome e nacionalidade desses heróis, como sucede com o nosso compatriota Aristides de Sousa Mendes.
Mas, perguntareis vós, que não vivestes neste terrível período da História da Humanidade: afinal o que foi o Holocausto? Com a subida ao poder de Adolfo Hitler (aliás por via democrática) e com a sua ideologia da raça alemã, sadia e superior, destinada a dominar o Mundo, começaram a surgir as políticas anti-judaicas. A invasão da Polónia, em 1939, marcou o começo da guerra e o incremento das perseguições aos judeus, que foram espoliados dos seus bens, obrigados a usar, cosida no vestuário, uma estrela de David para serem mais facilmente identificados e levados para Campos de concentração onde, separados das famílias, eram submetidos a trabalhos forçados e exterminados nas câmaras de gás. Houve seis milhões de mortos e raros sobreviventes em memória dos quais foi criado este Instituto, de que não pudemos visitar todos os edifícios e lugares. Centrámo-nos principalmente no Museu do Holocausto, no Memorial da Criança e no Jardim dos Heróis, de que falarei na próxima carta.
Beijinhos dos Vóvós
Homenagem a Aristides de Sousa Mendes
A Galeria dos Nomes
O Vôvô junto ao muro das lamentações (obigatório cobrir a cabeça)