Nunca pensei que os "olhos do meu coração, no dizer de S. Paulo, revelassem pormenores por mim julgados completamente esquecidos...
Sexta-feira, 25.09.09

 

Meus queridos netos:


Tem-me feito alguma impressão, nos últimos tempos, ouvir falar do «stress» na retoma do trabalho, após o período de férias. Deixando de parte as pessoas que partem para férias tão exaustas que não lhes é possível recuperar, mesmo que seja num mês (mas às vezes em apenas durante uma semana ou duas), o desgaste dum ano inteiro de esforço físico e intelectual, correrias contra o relógio e as mais variadas preocupações, ou então os que fazem das férias um período de excessos tanto no que se refere às diversões nocturnas como no que diz respeito à alimentação e à bebida, penso que todos os outros deveriam regressar de férias retemperados, serenos e aptos a retomarem, com mais vontade, as suas ocupações.


Lembro-me de quando era estudante. Durante o ano lectivo, procurava corresponder, na medida das minhas capacidades, às tarefas que me eram exigidas. A recompensa era, além da consciência tranquila, umas férias mais longas por não ter que me sujeitar aos exames finais. Partia então para férias, na minha aldeia, podendo assim matar saudades dos meus Pais com os quais só passava esse período do ano. Mas eram férias a valer. Embora às vezes me passasse pela cabeça a utilidade de rever alguma parte da matéria dada, punha imediatamente essa ideia de parte, pois tinha, para mim, que as férias eram o período de descanso do trabalho que então era o meu: estudar. Eram, também, a oportunidade de ler os livros de que tanto gostava: romances, biografias, poesia, da companhia dos quais nunca me cansava. Ou de conviver com a gente simples do campo, com a sua sabedoria milenar e com alguns poucos estudantes que também vinham passar esses tempos à casa paterna.

 

Lá para o fim das férias que nesse tempo eram bastante longas (pelo menos os dois meses de Agosto e Setembro), já me chegavam as saudades dos estudos, do convívio com professores e colegas e quando, a caminho da estação do Pinhão e, depois, pela janela do comboio, me deslumbrava com as vinhas pintalgadas de vermelho, castanho, ocre ou dourado dos socalcos do Douro vinhateiro, dava graças a Deus por me ter destinado uma vida tão cheia de maravilhas.


Ora, este ano, o ano do «stress», também eu me sentia cansada, esmagada por um Agosto abrasador e desejosa de encontrar um refúgio, sossegado e fresquinho que me permitisse passar uma semana tranquila, usufruindo da Natureza e de algumas leituras. Por conversas com um dos meus filhos, que se encontrava, com a família, a passar férias na costa vicentina, encantado com o lugar que tinha encontrado na Internet e que me parecia corresponder exactamente às minhas necessidades e desejos bem como aos do Vôvô, pedimos-lhe que nos reservasse aí um pequeno apartamento, o que só foi possível na semana de 5 a 12 de Setembro, quando eles já se tinham mudado para "O Moinho da Asneira", perto de Vila nova de Mil Fontes.


E foi, de facto, a semana repousante de que tanto necessitávamos: boas instalações, com uma ampla varanda sobre a piscina e tendo defronte um monte revestido de densa vegetação (desde os pinheiros, aos medronheiros e até algum azevinho). Um mar de verde que deu o nome à casa, “O Monte Verde” e que, mal acordávamos, nos atraia para a sua contemplação. Fica situado a poucos quilómetros de Odeceixe, onde íamos comer, quando não andávamos em passeio pelas muitas e deslumbrantes praias daquele paraíso, na raia entre o Alentejo e o Algarve: Zambujeira do Mar (onde estavam a filmar uma novela para a T.V.I.), Carvalhal, Amoreira, Monte Clérigo, Arrifana e, alguns quilómetros mais a sul, a encantadora cidade de Lagos, onde tomámos um repousado café na sua cosmopolita marina.


No último dia das nossas férias, tivemos a grande alegria de podermos almoçar, em Odeceixe, com a Cristininha, a Cristina- mãe e o Gil e de, com eles, tirarmos algumas fotografias para o nosso álbum. Foi a «chave de ouro» desta semana feliz, que nos proporcionou novas energias para o dia-a-dia, bálsamo para os achaques da nossa velhice e uma imensa gratidão a Deus, que nos cumula de tantas graças.


Beijinhos dos Vóvós


 

publicado por clay às 09:47 | link do post | comentar | favorito
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