Meus queridos netos:
Hoje, dia 24 de Abril, após o pequeno-almoço, dirigimo-nos para o cais em Cirkewwa, onde embarcámos num ferry-boat, o Maria Dolores, de grandes dimensões, luxuoso e muito cómodo em direcção à Ilha de Gozo, muito mais pequena do que Malta, com apenas 27.000 habitantes em 72 kms. quadrados e uma linha costeira de 43 kms., mas onde nos esperavam muitas e agradáveis surpresas: em primeiro lugar as sua belezas naturais, com três colinas que se recortam no fundo azul do céu, falésias doiradas e praias acolhedoras. Depois, a sua riqueza em monumentos megalíticos, mil anos anteriores às pirâmides e, portanto dos mais antigos de todo o mundo. Começámos por visitar um desses monumentos, o Templo de Ggantija, cujas escavações começaram em 1820 e que hoje são uma importante atracção turística. Primitivamente, eram dois templos separados que depois foram ligados por paredes internas, cheias de terra e de pedra partida e são hoje considerados, pela UNESCO, património da Humanidade.
A Ilha de Gozo, cuja capital é Vitória, passou por várias vicissitudes, a mais trágica das quais a tomada da cidadela, em 1551, pelos otomanos, que destruíram as muralhas e massacraram os habitantes. Repovoada por habitantes de Malta, as fortificações da cidadela foram reconstruídas e a cidade, dividida também em Mdina e Rabat, foi durante muito tempo administrada pelos Cavaleiros da Ordem de S. João , depois por um Conselho Local e, a partir de 1815, pelos britânicos que centralizaram a administração em La Valletta.
A Catedral, é um dos mais belos edifícios construídos entre 1697 e 1711, por Lorenzo Gafà, o mestre do Barroco em Malta; ergue-se à entrada da cidadela, actualmente em reconstrução e tem um valioso Museu, que não tivemos tempo para visitar. A Igreja mais concorrida é o Santuário de Ta’Pinu, também conhecida por Igreja de Filipe, pois foi num campo deste homem que, segundo a tradição, lhe apareceu Nossa Senhora, bem como a uma mulher que costumava pôr flores no seu altar. Graças ao testemunho dos dois, a pequena capela que ali existia desde o séc. XVI, foi integrada num sumptuoso santuário, o templo mais popular dedicado ao culto da Virgem, nas ilhas maltesas. Cada arco tem um número igual de pinturas alusivas à Virgem, todas diferentes, como o são os capitéis. O altar-mor tem como fundo uma linda coroação de Nossa Senhora, ladeada por quatro anjos, dois dos quais seguram a coroa. Um pouco avançado em relação ao altar-mor, há um baldaquino sustentado por quatro colunas de mármore trabalhado e, no alto, oito estátuas em tamanho natural: quatro bispos e quatro profetas relacionados com Nossa Senhora. Também os arcos fechados que ladeiam a Basílica têm, por cima, cenas da vida da Virgem. Nesta Basílica, assistimos à Santa Missa, celebrada pelo nosso prior.
Segundo a lenda, Gozo teria sido a Ilha onde Calipso reteve Ulisses. Por isso se pode ver a entrada duma gruta, a Caverna de Calipso, que não estava aberta ao público mas ficava próxima dum deslumbrante miradouro donde se avistava uma bela paisagem: uma grande mas aconchegada baía com uma convidativa praia de areias doiradas.
A dada altura estávamos a ver um documentário muito interessante sobre a História da ilha, suas belezas, actividades e folclore, mas tivemos de sair a meio para não fazermos esperar o Grupo.
Em Gozo, como em Malta, a maior parte das casas tem, na parede principal, uma imagem de Nossa Senhora ou de santos, especialmente de S. Jorge.
Deixámos com saudades a Ilha de Gozo e regressámos ao catamaran e depois ao autocarro que nos levou ao nosso Hotel, em cuja entrada sumptuosas palmeiras nos davam as boas-vindas.
Nestas nossas deambulações, várias vezes avistámos a Baía e a Ilha de S. Paulo, onde erigiram uma pequena capela e uma estátua monumental em honra do Santo e, por toda a parte, uma rede de torres de vigia costeiras, destinadas a dar o alarme, no caso da aproximação de piratas ou invasores.
Beijinhos, com muito amor, dos Vóvós.
Tomando notas para o meu Blog
Ruínas de Ggantija
Uma rua de Vitória, a capital da Ilha