Meus queridos netos:
Neste dia 25 de Abril, levantámo-nos às duas da manhã e, depois de um ligeiríssimo pequeno-almoço preparado para aquela hora pelo Hotel Dolmen, onde pernoitámos três noites, dirigimo-nos para o porto de La Valleta, onde embarcámos, às cinco horas, num catamaran (muito cómodo e com várias televisões de plasma, que passaram dois filmes para turistas (ensonados como eu), em direcção à Sicília, (Itália).
A Sicília é a maior ilha do Mediterrâneo (25.738 kms quadrados) e a sua forma triangular valeu-lhe o nome de Trinacria que, em grego, significa terra com três promontórios. Tem, portanto uma forma triangular, representada no seu símbolo, a Trinácria, que é composto por três pernas, tendo, ao centro, o rosto duma deusa e que se encontra por toda a parte, nas mais variadas versões, destinadas aos turistas. Mal desembarcámos, fomos deixar as nossas malas no Hotel Bellini, que nos tinha sido reservado em Catânia, mas partimos logo para Siracusa.
Esta cidade (Siracusa) constituiu, com Naxos, os dois primeiros núcleos gregos no Ocidente. Era uma das cinco cidades da Pentápolis e levava esse nome. Tinha, à época, 130.000 habitantes o que justifica a sua importante tradição cultural e religiosa.
Foi aqui que S. Paulo ficou três dias, no seu caminho para Roma e aqui fundou uma comunidade cristã. Também aqui viveu e foi martirizada Santa Luzia.
Mal entrámos na cidade, fomos surpreendidos por uma imponente Basílica, o santuário de Madonna delle Lacrime, construção moderna, em forma de cone facetado e assente numa estrutura redonda. A Basílica é enorme, e o cone atinge uma altura impressionante. É dedicada à Senhora que, de 29 de Agosto a 1 de Setembro de 1953, verteu as lágrimas representadas na imagem que comprei. No verso, tem uma em comovedora oração com que o Papa João Paulo II concluiu a Homilia para a Dedicação do Santuário da Madonna delle Lacrime, em 6 de Novembro de 1994.
Foi pena o tempo não ter chegado para visitar os muitos e importantes vestígios arqueológicos que ainda hoje se encontram nesta bela e artística cidade: as ruínas do Templo de Apolo, o anfiteatro romano, o majestoso teatro grego e muitas outras maravilhas.
Centrámo-nos no que nos levava a Siracusa: a catedral de S. João, a sua gruta e as catacumbas. A catedral, erguida pelos bizantinos no séc. IV, foi em parte reconstruída depois dum grande terramoto que ocorreu no séc.XVII.. Tem uma bela fachada barroca, mas não tem tecto, pelo que só funciona no Verão. A nossa Missa foi celebrada na gruta de S. João Evangelista, de pé ou sentados nos degraus de acesso. Em seguida visitámos uma pequena parte das catacumbas, e admirámos o túmulo duma nobre senhora romana, que figura numa placa de que tirámos fotografia e cujo original está num dos museus da cidade.
Depois fomos almoçar a um restaurante que ficava muito longe do autocarro e onde esperámos duas horas que nos servissem. Tal foi a estafa, que o regresso foi feito em carrinhas. E o almoço também não compensou: macarrão com mexilhões, dourada com salada e, no fim, uma granizada de não sei quê: era doce e vermelha, talvez de melancia.
Com tudo isto, chegou a hora de regressar a Catânia. De tarde, visitámos a cidade barroca, dotada duma bela panorâmica que se estende até ao Etna, onde estava previsto subirmos até aos 2000 m, o que se tornou impossível pois estava coberto de neve até ao meio. Fizemos uma breve visita à cidade, com particular atenção à Catedral, datada de l092, mas destruída pelo sismo de 1169 e reconstruída entre 1693 e 1758, por dois grandes mestres do barroco. Tem, no entanto, um pórtico em mármore em estilo renascentista e está adornada por numerosas e belas estátuas de mármore. Fica situada na Piazza del Duomo, onde também se encontra a Abadia de santa Ágata, o palácio do Município e a Fonte do Elefante, de Vaccarini, que colocou um obelisco egípcio por cima dum antigo elefante em pedra lávica sobre um monumento em mármore branco, provavelmente do período romano. Esta estátua tornou-se o emblema da cidade com o nome de «Liotru».
Depois desta visita, dirigimo-nos ao nosso Hotel, o Hotel NH Bellini, com numerosas “amenities”da marca “tierra”. Jantámos a comida do costume: pasta, salada, uma carne muito tenra que devia ter sido previamente cozida e que nunca se conseguia saber se era porco, frango ou peru. E um bolo tipo doce da casa ou fruta.
E toca a deitar, que o dia de amanhã não será menos exaustivo do que o de hoje.
Beijinhos dos Vóvós. Até breve.
Malta, Sicilia e Sul da Itália
Mapa da ilha de Sicília e cidades nela visitadas
Trinácria Basílica Madonna delle lacrime
Interior da Basílica Madonna delle Lacrime
Madonna delle lacrimie Oração de João Paulo II
Missa celebrada pelo Prior de Benfica nas Catacumbas de Siracusa
Vulcão Etna
Catânia - Catedral Santa Ágata Praça do Elefante
Catânia
Catânia - Hotel NH Bellini