Não são nossos só os do nosso sangue.
Também os que nos deram seu saber,
partilharam connosco - e tanto foi! -
a pedra preciosa, o foco do seu ser.
Cedo a atraiu Portugal, a cultura
e a obra dos nossos escritores.
Começou por Camilo e, a seguir,
Eça, Pessoa, sempre entre os maiores.
Mestra, doutora e, sobretudo aberta
ao que aumentasse o seu conhecimento,
foi a Retórica e a Interpretação
que mais fundo tocaram seu talento.
Aberta ao “puro desejo de diálogo”,
lavrou uma crítica magistral,
no que chamou o seu ”longo bilhete”
ao brilhante crítico de Cunhal.
Eu conheci-a alegre em alguns cursos,
cheia de entusiasmo e de vigor.
No Hospital, ficámos lado a lado,
suplantando ela, em muito, a minha dor.
Esteve rodeada pelos seus,
já sem poder falar, mas mesmo assim,
passando noites a dizer; “Papai,
Mamãe, Amor” vinde agora até mim.
Lisboa, 26 de Julho de 2011
Clementina Relvas